Pesquisas eleitorais: um novo desafio para o TSE

A Veja desta semana traz uma interessante matéria sobre as pesquisas eleitorais e as divergência de números em relação à campanha presidencial (aqui). Os representantes dos quatro institutos de pesquisa chegaram a ter uma reunião para a lavagem de roupa suja (Ibope, Datafolha, Vox Populi e Sensus), tal a divergência de métodos, os quais contaminaram, em alguns casos, a higidez dos resultados obtidos.

As pesquisas eleitorais têm um duplo efeito: de um lado, tentam ser um retrato de uma realidade anterior, a fotografia de um determinado momento da intenção de votos da opinião pública; de outro lado, têm ela (ou podem ter) um efeito psicológico positivo ou negativo para a formação futura da opinião pública. Um candidato bem situado nas pesquisas tende a atrair mais apoios, mais verbas e, com isso, conquistar mais votos. Claro que essa lógica não é retilínea, porém é inegável que quem está bem situado nas pesquisas eleitorais normalmente consegue angariar bons apoios no início da competição eleitoral.

Essa é a razão da briga dos números nesse início de ano eleitoral: há necessidade de se mostrar que determinado candidato é viável, está crescendo ou está empacado, de modo a antecipar a formação de um ritmo para as eleições.

Dilma Rousseff, por exemplo, cresceu bem, alcançando os famosos 30% do eleitorado petista. Com toda a exposição a que foi submetida, com toda a estrutura posta ao seu dispor para torná-la conhecida, com toda a popularidade do seu padrinho, o presidente Lula. É um número respeitável, sem dúvida, que a torna uma viável concorrente ao Planalto. Porém, não são - ao que parece - os números esperados por Lula e pelos petistas, simplesmente porque o tucano José Serra, sem nenhuma exposição e sem nenhum fato novo positivo, manteve-se sempre na dianteira nas pesquisas eleitorais, mesmo entre aquelas mais favoráveis à candidata Dilma Rousseff.

Diante dessa eleição com características plebiscitárias, na linha desejada por Lula, é natural que os números ganhem sempre mais importância, desafiando uma atuação firme da Justiça Eleitoral. Essa, ao que tudo indica, será uma eleição que desafiará um comportamento inovador do Tribunal Superior Eleitoral, inclusive no que diz respeito à fiscalização da qualidade das pesquisas eleitorais e dos métodos usados pelos respectivos institutos.

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