Por minha culpa, minha tão grande culpa, confesso...
Vamos ver. O presidente Lula tem consciência que os seus esforços para catapultar a sua candidata à presidência, Dilma Rousseff, foram recompensados pelas recentes pesquisas eleitorais. Nunca antes na história desse pais um presidente da República testou tão incisivamente a capacidade de resiliência da Justiça Eleitoral. Talvez porque ninguém antes tenha chegado ao final do mandato com tamanha gordura de popularidade.
O problema é que a atuação militante do presidente Lula começa a gerar tensões com a Justiça Eleitoral, com a aplicação de sucessivas multas a ela e à sua candidata. Multas que não pesarão no bolso, mas bem podem pesar politicamente no futuro. Em um jogo calculado, Lula sabe que o descumprimento da legislação eleitoral e o desafio velado ao TSE trouxeram lá as suas vantagens. Mas começam a pesar os constantes pareceres contrários que ele tem recebido do Ministério Público Eleitoral, os excessos cometidos pelos Sindicatos, que, mirando-se em seu exemplo, também desafiam escancaradamente as multas aplicadas pelo TSE, como ocorreu com o deputado Paulinho da Força Sindical (PDT-SP).
Diante desse quadro, o animal político que é o presidente da República dá sinais para a Justiça Eleitoral que a respeita e vai se submeter - no que puder - aos seus ditames. Lula sabe ser Lula e sabe fazer política como poucos. Na Folha (aqui):
São Paulo, quarta-feira, 02 de junho de 2010 |
Painel RENATA LO PRETE Ato de contrição Ao dizer, numa entrevista coletiva ontem em São Paulo, que não pretende "fazer nada que possa infringir a legislação" e que o presidente da República tem de "dar o exemplo", não lhe cabendo "criar nenhum constrangimento para a Justiça Eleitoral", Lula estava imbuído de uma preocupação que lhe foi transmitida por conselheiros com conhecimento nessa área. Em alerta 1 No que diz respeito à Justiça Eleitoral, a principal preocupação da campanha de Dilma Rousseff tem nome e sobrenome: Marco Aurélio Mello. Em alerta 2 De volta ao Tribunal Superior Eleitoral, do qual já foi presidente, o veterano ministro do Supremo tem dito e repetido que os abusos cometidos na pré-campanha têm gravidade e quantidade suficientes para dar margem à cassação do registro da candidatura. |
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